A Abia (Associação Brasileira de Indústrias de Alimentos) foi acusada por dois cientistas estrangeiros de deturpar resultados de um estudo para criticar o Guia Alimentar.
A grave acusação foi feita por representantes de duas das maiores universidades do mundo. Oxford no Reino Unido, e Harvard, nos Estados Unidos.
Polêmica no país
A divulgação de uma nota pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) foi um estopim para uma discussão polêmica em todo mercado de alimentos do Brasil essa semana.
O Mapa, na nota oficial, pede ao Ministério da Saúde que retire críticas aos alimentos industrializados do guia alimentar nacional.
O Mapa, na mesma nota, também afirma que nosso guia é um dos piores do mundo, mesmo sem apresentar nenhuma prova científica.
Endossamento da Abia
A Abia, logo após a divulgação da nota pelo Mapa, endossou as críticas ao guia. A associação apresentou como argumento resultados de uma pesquisa publicada no renomado jornal científico “The British Medica Journal”.
O estudo realizado por pesquisadores de três países avaliou como o guia alimentar impacta a saúde e o meio ambiente de diversas nações do mundo.
A Abia afirmou oficialmente que o estudo ranqueava o guia brasileiro entre os onze piores do mundo, portanto, que a mudança pedida pelo Mapa é positiva para o país.
Cientistas estrangeiros reagem à nota
Entre os pesquisadores responsáveis pelo estudo, estavam Anna Herforth, de Harvard, e Marco Springmann, pesquisador sênior do projeto, oriundo de Oxford.
Ao saber do uso pela Abia do estudo, ambos pesquisadores reagiram.
Primeiro, afirmaram que em nenhum momento o estudo faz, ou cita um ranking.
Para os criadores do estudo, a leitura da Abin foi grosseira e tendenciosa.
Segundo a Dr. Anna Herforth, o resultado final do estudo pede medidas mais estritas e severas para proteger o consumidor. O uso do estudo para a argumentação contrária deixou todos os autores surpresos e indignados. A cientista finaliza a nota dizendo que o estudo conclui que o consumo de alimento ultraprocessado está associado ao risco de doenças crônicas, exatamente a afirmação que o Mapa pede que seja retirada do guia pelo Ministério da Saúde.
Resposta da Abia
A Abia manteve sua opinião sobre o pedido do Mapa. A associação afirma que as informações contidas no estudo são suficientes para criação desse ranking, e as mesmas apontam essa mudança requerida pelo Mapa.
O Ministério da Saúde ainda não se pronunciou sobre o pedido.